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aquihacoracao

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Dom | 27.06.21

Obrigada.

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Se há palavras que fazem parte de mim, obrigada, é sem dúvida, uma delas. Aliás sinto-me despida se a deixo em casa, motivo pelo qual andamos sempre juntas. Devo dizer que me faz imensa confusão quem não a veste, quem não se lembra dela, como aqueles a quem chamo "os sem noção"! Fico triste com a falta de gratidão que nos rodeia. Mesmo. É que ainda quero acreditar que para cada causa há um efeito e assim sendo, para cada gesto de educação, de respeito, de empatia, de trabalho, de boa vontade deve seguir-se sempre o nosso obrigado. Ainda conservo essa expectativa e, mais ainda, essa esperança. Tenho, porém, vindo a perceber que esse obrigado não tem que ter ligação directa e que se não recebes de quem dás, talvez o recebas de Deus e do Universo.
E procuro não desistir dessa convicção, pois  creio que há sempre uma luz bem perto de nós que nos guia e sempre uma ponte para a travessia do bem (nem de propósito a analogia com a foto deste lugar bonito, de tantos que o mundo nos põe ao dispôr). E é, certamente, "dando que se recebe".
Obrigada.

Lu

 

Sex | 18.06.21

"Caramba, quase que conseguia! "

[Tema 4]

Em desafio dos pássaros

 

Será que só a mim é que acontecem coisas inusitadas?

Então a minha infância é repleta desses acontecimentos, que hoje arrancam gargalhadas entre os intervenientes e não só!
Certa vez, tinha eu aprendido a andar de bicicleta há pouco tempo, quando me lembrei de pedir emprestada a do meu irmão. Uma BMX empoeirada e sem travões. Inicio a minha volta, acompanhada pela minha prima C. Pelo caminho íamos recolhendo amoras silvestres e guardando num saco de pano preso no guidão. Entretanto, dou-me conta de uma descida íngreme. Pois bem, do alto da minha sensatez digo à minha prima que vou descer na bicicleta e que  quando  gritasse -  travar, ela, com a sua valentia de criança, ainda mais criança do que eu, puxaria, com toda a sua força, a bicicleta para trás. Que mentes eram as nossas!?
Bem, escusado será dizer que a brincadeira acabou com dores em todo o lado e com sangue no chão, na bicicleta e nos meus dois joelhos esfolados cujas cicatrizes, hoje, não me deixam mentir.
A C. fitava-me assustada  já a tentar engendrar uma desculpa para dar-mos à minha mãe, assim que chegassemos a casa, mas ainda assim confiante, achando que tinha sido por um triz que não tinha travado a bicicleta.
Crianças e as suas bravuras. E que saudades.
Ora bem, falta-me encaixar a palavra tesoura neste texto... quer dizer, acho que acabei de o fazer!

Lu

 

Ter | 15.06.21

Cheiro de chuva

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O ar está quente. O horizonte cinzento. Chove lá fora. Um trovão. Um relâmpago que desenha o céu. O barulho dos grilos. Entretanto a noite cai. Estou à janela. Sinto o inconfundível cheiro de chuva na terra seca. Vou ficar. 

Lu

 

 

Sex | 04.06.21

"- Não aguento mais contigo! - afirmou, enquanto o atirava para longe."

[Tema 3]

Em desafio dos pássaros

 

"- Não aguento mais contigo! - afirmou, enquanto o atirava para longe."

Ela sempre foi assim, e sempre guardava para si mesma as suas  angústias. Oferecia  a sua escuta atenta e as suas ternas palavras aos outros, mas quando lhe tocava a ela era outra história. Sorria na tentativa de dispersar ansiedades que lhe davam  a mão desde  que se entendia por gente. Tinha a sensação, por vezes, que um dia haveria de explodir em mil bocadinhos e aí ser finalmente livre.
No fundo ela sabia que o seu maior problema não existia e era nada mais que uma projecção  irrealista, totalmente criada por si.
O medo - esse marialva vestido de negro, sobranceiro, cheio de si mesmo, corrosivo, atroz.
E sonhava com o dia em que seria capaz de  o enfrentar  e corajosamente o despedir!
Lu